A atuação do Síndico em tempos de pandemia
Síndicos sempre foram vistos como aquela figura do gestor de obras e manutenção do condomínio. Há tempos atrás, síndico era aquele condômino que se aposentava e assumia a gestão do condomínio para “passar seu tempo” e manter-se em atividade.
Porém, a figura do síndico do condomínio mudou.
Os condomínios da atualidade exigem o compromisso de gestão da coletividade de maneira mais humanizada, transparente, especializada, e principalmente, por meio da comunicação não violenta. Estamos diante de um momento pandêmico, e a situação vem exigindo cada vez mais do síndico.
O condomínio edilício pode ser considerado como uma micro sociedade, cada um com sua particularidade e suas características próprias, seja sua saúde financeira, ou até mesmo as relações interpessoais.
Na comunidade condominial, pessoas de diversas características e costumes, dividem os mesmos espaços. Por isso, viver em condomínio requer conhecimento de civilidade, muita paciência, e pensamento no coletivo.
E diante dessas questões, o gestor condominial exerce, além das funções administrativas, a função de pacificador de relações humanas no ambiente, em alguns casos, diante de pessoas intolerantes e agressivas.
O síndico zela pelo bem-estar, segurança e harmonia na comunidade condominial, sempre baseado nos parâmetros legais, tal como a Constituição Federal, leis, decretos, e especialmente, a Convenção Condominial e o Regimento Interno. E quando necessário, deve contratar profissionais especializados na área caso haja a exigência de um posicionamento técnico e específico.
A pandemia da COVID-19 trouxe diversas situações e questionamentos nunca vivenciados pelos síndicos dos condomínios, por exemplo, a preocupação mais do que redobrada com a saúde dos moradores e colaboradores.
Com a pandemia, o síndico viu-se obrigado a impor medidas restritivas tendo por objetivo, exclusivamente, a proteção à saúde da coletividade condominial, além de contribuir para evitar a disseminação do vírus. Temos como um dos exemplos mais polêmicos, a interdição das áreas comuns (piscinas, playgrounds, salões de festas e jogos, churrasqueiras, salas de ginástica, dentre outros). A maioria dos condôminos aceitou e respeitou as medidas excepcionais, com consciência e senso de civilidade.
Outra questão que continua sendo um desafio aos síndicos, é o uso obrigatório de máscaras nas áreas comuns. No intuito, primordial, de proteção à saúde da comunidade condominial, e em cumprimento às normas governamentais, o síndico deve exigir o uso de máscaras nas áreas comuns dos prédios. Porém, em algumas hipóteses, depara-se com a intransigência e reiterados descumprimentos por parte de alguns moradores.
Note que o síndico passou a gerenciar uma situação de crise dentro da comunidade condominial.
A empatia tornou-se um dos maiores instrumentos utilizados pelo síndico. Síndico não pode ser autoritário, tampouco omisso ou leniente, pois pode responsabilizar-se tanto na esfera civil, como na criminal, por seus atos ou omissões. Síndicos autoritários, dificilmente, conseguirão resolver os conflitos internos do condomínio, e correm o risco de criar entraves judiciais, de forma desnecessária.
Todo síndico deixa um legado, pois supera desafios na busca da valorização do patrimônio, e bem-estar dos moradores e colaboradores, e acima de tudo, a harmonia dentro da comunidade condominial.