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Edifício conservado e seguro

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Especialistas alertam para a necessidade da inspeção predial e da manutenção periódica para evitar riscos de acidentes nas edificações

Foto: Banco de Imagens

Os recentes desabamentos de prédios com vítimas fatais ocorridos no Brasil têm levantado dúvidas sobre a segurança de se viver em edifícios. Essa preocupação colocaria em xeque a solidez das edificações de concreto armado, construídos para durar uma vida inteira? Especialistas garantem que o problema não está no tipo de estrutura, a mais utilizada hoje na construção civil brasileira, e sim no descaso com a manutenção predial, na falta de inspeções periódicas, em reformas sem avaliação técnica e até mesmo no conjunto destes fatores.

Engenheiro civil, especialista em Engenharia de Avaliações e Perícia e Coordenador de Engenharia do CREA-SC, Eduardo Irani Silva, explica que os colapsos de edifícios ou de partes da sua estrutura podem ocorrer através de agentes externos, tais como ações da natureza em forma de um raio, terremotos e deslizamentos; sobrecargas na estrutura provocadas por excesso de peso; ou ainda, ações pontuais como a colisão de um veículo contra os pilares de uma edificação. Outra causa seria a falta de manutenção periódica e preventiva, que vai expondo equipamentos e materiais de forma que podem perder a sua vida útil”, afirma.

De acordo com o Engenheiro Civil e Especialista em Engenharia de Avaliações e Perícias, Álvaro Ling Junior, a origem dos problemas dos acidentes, em 66% dos casos, é por falha de manutenção. “Quando se projeta um sistema ou elemento é possível escolher uma infinidade de técnicas e materiais para serem aplicados. Alguns deles, pelas próprias características, podem ter uma vida útil de 20 anos, sem qualquer manutenção, outros podem ter apenas cinco anos. Porém, é importante salientar que a manutenção pode aumentar a vida útil da edificação em pelo menos 30%”, argumenta.

No caso de condomínios, quando se tratam de obras particulares, é de responsabilidade do síndico garantir a manutenção periódica e ainda estar atento aos sinais de que a edificação pode estar com problemas e que necessita alguma benfeitoria. “Muitas vezes, o síndico prejulga uma situação como normal, não toma as devidas providências e a situação vai se agravando por causa dessa negligência”, relata Irani Silva.

Atenção aos riscos

Segundo o engenheiro, as edificações de concreto armado são estruturas executadas para durar a vida toda, desde que não sofram agressões. “Por exemplo, quando se faz uma reforma num apartamento e se retira um elemento, como um pilar ou uma viga, essa intervenção pode afetar toda a estrutura. Por isso, a importância de o síndico ter sempre o acompanhamento de um profissional com ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), que vai saber se pode mexer naquela estrutura e qual reforço precisa fazer”, orienta.

Intempéries também podem danificar o revestimento ou o reboco e formar fissuras. Segundo o engenheiro, essas fissuras são o principal ponto de contato da armadura da estrutura com o ambiente, seja por reação química ou eletroquímica, que ocorre em meio aquoso. “No primeiro sinal de fissura ou rachadura, ela deve ser imediatamente fechada e analisada para ver se não houve um dano maior”, sugere o engenheiro. “Com a proteção através do cobrimento deste concreto sobre a armadura, podemos garantir que estes fenômenos não aconteçam”, completa Irani Silva.

Um outro problema que passa despercebido é a situação da instalação elétrica. “Ela precisa ser renovada, ajustada para atender a novas demandas. É natural que as famílias com o tempo adquiram mais aparelhos eletrodomésticos e eletrônicos, o que pode sobrecarregar a capacidade de carga das unidades e provocar instabilidade na tensão, causando curto-circuito e até incêndios. O perigo é que em alguns casos a instalação elétrica pode estar próxima às instalações de gás, e isso pode provocar uma explosão e, consequentemente, abalar a estrutura do prédio”, alerta.

Inspeção periódica

Para evitar imprevistos e até mesmo acidentes graves, segundo Irani Silva, é fundamental fazer a inspeção predial periódica com um profissional de engenharia, que têm o conhecimento técnico necessário para fazer uma análise visual e detectar com antecedência se há uma situação de gravidade ou não, e assim orientar o condomínio, o síndico ou a administradora a fazer as obras de manutenção. “No mínimo é recomendado que se faça a vistoria a cada dois anos para instalações e equipamentos, e a cada cinco anos para revestimentos e estrutura”, sinaliza Irani Silva.

Na inspeção predial são avaliadas as instalações elétricas e hidráulicas, cobertura, sistema de prevenção de descarga atmosférica, parte estrutural, revestimento, caixa d’água, cisterna, entre outros itens. Segundo Ling Junior, a periodicidade das inspeções prediais recomendada é a seguinte: em edificações até 20 anos, a cada 5 anos; de 21 a 30 anos, a cada 3 anos; de 31 a 50 anos, a cada 2 anos; e mais de 50 anos, anualmente.

Essa periodicidade é recomendada pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias (IBAPE) e deverá constar na nova Norma de Inspeção Predial – Diretrizes, Conceitos, Terminologias, Critérios e Procedimentos. “A norma da ABNT está em estudo ainda, mas há chances de ser editada no início de 2020. O objetivo dela é definir métodos e procedimentos para a avaliação do desempenho das edificações”, explica Ling Junior.

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