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Problemas que vêm com o verão

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Desabastecimento, piscinas lotadas e risco de sobrecarga elétrica por excesso de equipamentos ligados são comuns neste período

Foto: Banco de Imagens

Amado por muitos por ser sinônimo de férias, calor e dias ensolarados, o verão também tem seu lado sombra. A chegada da estação, que começa oficialmente no dia 22 de dezembro, costuma vir acompanhada de uma série de problemas que afetam a rotina de quem vive em condomínios. Um dos mais recorrentes e que gera uma série de transtornos é a falta de água, comum na Grande Florianópolis e em outras regiões litorâneas do Estado neste período.

Com o aumento da população, desencadeado pela vinda de turistas e visitantes, as autarquias e concessionárias não conseguem cobrir a demanda e o desabastecimento torna-se frequente. Nas regiões Norte e Sul da Ilha há casos de locais que ficam uma semana com as torneiras secas. Para este problema, a melhor opção de síndicos e administradores de condomínio é estimular os moradores a economizar e fazer uso consciente do recurso.

Outra questão importante é quanto à qualidade da água neste período. “No fim do ano, logo após os períodos de falta de água, as empresas precisam acelerar a produção e pode haver impacto na qualidade”, observa a química Ana Paula Gonçalves Bohm, proprietária do Laboratório Aquavita. Como alternativa para melhorar o recurso que os condôminos irão consumir, ela indica a instalação de um filtro antes da caixa d’água ou da cisterna.

“No decorrer do ano a água é de boa qualidade aqui na Grande Florianópolis, só no verão é que fica um pouco comprometida”, aponta.

Ainda sobre a qualidade da água, Ana Paula diz que não há necessidade de fazer limpeza da caixa especificamente devido à chegada do verão, mas explica que a legislação federal exige que os condomínios façam-na de seis em seis meses junto com uma análise da qualidade.

Legislação prevê análise de água da piscina

Foto: Banco de Imagens

Embora muitos condomínios desconheçam, a química Ana Paula Gonçalves Bohm diz que a exigência de controle e monitoramento de água também se aplica às piscinas, conforme a Resolução Normativa DVS nº 003/2016.

“Uma piscina sem tratamento devido pode resultar em vários problemas de saúde. Temos casos na região de conjuntivite, alguns tipos de bactérias e a famosa infecção intestinal. A hepatite é uma coisa muito séria e que também pode ser transmitida pela água”, alerta a química.

O ideal, segundo a especialista, é que os condomínios tenham alguém responsável pelo tratamento da piscina, como um zelador ou empresa especializada, e um laboratório que entregue todo mês um laudo informando se a água está própria ou não para o banho.

Ela destaca que a análise laboratorial é importante porque os micro-organismos não são vistos a olho nu, e mesmo quando a piscina está límpida e bonita, ela pode estar contaminada.

Outro alerta que ela faz é sobre a quantidade de cloro. Com o objetivo de dar conta de limpar a piscina, que fica superlotada neste período, muitos condomínios acabam colocando o produto em excesso, e isso também pode causar uma série de problemas, como alergias por exemplo.

Atenção ao descarte de lixos e resíduos

O aumento da população nos condomínios exige cuidados extras quanto ao descarte de lixos e resíduos também. Durante as palestras que faz em condomínios Ana Paula observa casos de pessoas que jogam papel higiênico, absorventes e até cabeça de boneca nas descargas. Ela faz o alerta: “Quanto maiores os detritos, maior a bola de sujeira que se forma e o risco de não passar pelo gradeamento, o que pode causar entupimento e problemas decorrentes disso”.

Como na questão do racionamento de água potável, neste caso também é fundamental conscientizar os moradores sobre como fazer o descarte de maneira correta. O óleo de cozinha jamais deve ser descartado na pia, pois a maioria das Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) não consegue separar água e óleo e acaba tudo indo para a rede pluvial, poluindo o meio ambiente. Também existe legislação que regulamenta isso, ou seja, todos os condomínios que têm ETE devem fazer um monitoramento bimestral. Quando houver córrego no entorno, ele também tem que ser monitorado.

Ar-condicionado, o grande vilão da sobrecarga elétrica

Foto: Banco de Imagens

Nos meses de férias e calor, o consumo elétrico também é motivo de grande preocupação nos condomínios. O uso de muitos equipamentos ao mesmo tempo pode causar sobrecarga nas instalações e colocar em risco a segurança. “A demanda por energia elétrica cresce com a modernidade. Seu condomínio está preparado?”, pergunta o Engenheiro Eletricista Andres Martinez, da Portal Sul Energia.

Ele comenta que equipamentos como forno e fogão elétricos, ainda mais usados nesta época de festas, consomem muita energia, mas que o grande vilão no período é mesmo o ar-condicionado. Ele exemplifica que em um prédio com 60 apartamentos, aproximadamente 40 deles irão ligar os equipamentos à noite. Se a rede elétrica do condomínio não estiver dimensionada para dar conta da demanda, a chance de problemas é grande. A fiação pode superaquecer, derreter e até causar um incêndio.

Isso ocorre porque muitos residenciais, especialmente os mais antigos, foram projetados em uma época em que se usava um chuveiro elétrico de até 4.200W, uma TV de 14 polegadas, um ventilador de 100W e não existiam fritadeira, forno e fogão elétricos, entre outros. Hoje, o chuveiro varia entre 7.200 e 9.000W, são duas ou três TVs de 54 polegadas e uma média de dois aparelhos de ar-condicionado por unidade. Aumentaram a potência e também a quantidade de equipamentos em cada apartamento.

Os moradores demoram a se dar conta de que isso é um problema, porque a eletricidade não é visível, não tem cheiro e nem faz barulho. Só percebem que há algo errado na rede elétrica quando o disjuntor começa a cair. Segundo Martinez, para resolver estas questões dentro da própria unidade habitacional, os moradores aumentam a potência dos disjuntores sem saber se a rede suporta, o que só agrava a sobrecarga e o perigo no condomínio. Outro fator preocupante é a falta de manutenção nos quadros de energia, considerado por Martinez o “coração elétrico” dos prédios.

Segundo ele, a manutenção preventiva na rede elétrica do condomínio deve ser feita no mínimo a cada dois anos. Se o prédio tiver mais de 15 anos é preciso pensar em melhorar ou redimensionar a capacidade. Já nos condomínios com mais de 25 anos recomenda-se considerar uma substituição da rede elétrica. Nestes casos é imprescindível contratar uma empresa especializada e registrada no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA). Ele observa que um eletricista não tem estrutura para fazer um projeto de todo um condomínio sozinho. “Toda alteração na rede elétrica precisa ser autorizada pela empresa concessionária”, reforça. Um alerta para os síndicos é de que se a manutenção não estiver em dia ou for negligenciada, as seguradoras podem se negar a cobrir um sinistro. E o síndico pode ser responsabilizado cível e criminalmente por não garantir a manutenção. A situação fica ainda mais complexa se for comprovado que o síndico tinha ciência de algum problema. O investimento em melhorias na rede elétrica costuma ser alto, mas Martinez e equipe costumam deixar algumas interrogações nas palestras que fazem: “Quanto custa um apartamento queimado? E em casos de pessoas feridas, quem vai querer ficar com isso na consciência?”.

Como prevenir problemas causados por raios

Muito comuns durante o verão, os temporais com raios e trovoadas também merecem atenção. O engenheiro eletricista diz que uma das medidas que os condomínios devem adotar para evitar problemas é seguir a norma que exige a instalação do Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS). O objetivo é proteger equipamentos elétricos, desviando os picos de tensão para o sistema de aterramento.

Outra medida que precisa ser seguida para aumentar a segurança durante as descargas elétricas é manter o para-raios em dia, avaliando-o anualmente.

Foto: Banco de Imagens
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