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É tempo de edifícios verdes

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Condomínios apostam em conceitos de sustentabilidade para reduzir o consumo de recursos naturais e proporcionar conforto aos moradores

Pátio da Praça – Smart e Office Green – Condomínio Pedra Branca. Foto: Divulgação

Telhados verdes, painéis fotovoltaicos, paredes vivas, reaproveitamento da água da chuva. Essas são algumas das soluções sustentáveis utilizadas atualmente na construção civil. A escassez de recursos naturais no planeta tem impactado cada vez mais no setor, que vem implementando conceitos de sustentabilidade tanto em novos projetos, quanto na adequação de construções mais antigas. A iniciativa de tornar as moradias mais sustentáveis também é uma preocupação do poder público, que implantou em cidades catarinenses o IPTU Verde ou IPTU Sustentável.

À frente de um escritório que tem como premissa a sustentabilidade, o engenheiro Olavo Kucker, da Dux Arquitetura & Engenharia Bioclimática, acredita que no Brasil, essa preocupação com soluções mais sustentáveis vem crescendo bastante, mais ainda é tímida. “Ainda se faz muita maquiagem, a chamada GreenWashing (estratégia de ‘marketing verde’ praticada por empresas, organizações e órgãos públicos que promovem iniciativas enganosas de sustentabilidade e responsabilidade ecológica). Mas temos muitos edifícios e projetos sendo elaborados seriamente no Brasil”, afirma.

Em Santa Catarina, Kucker ressalta que há bons exemplos de empreendimentos imobiliários focados na questão da sustentabilidade. “Temos inclusive alguns que servem de referência para outros estados brasileiros e até mesmo para outros países. Dentre eles, podemos citar o projeto da Cidade Pedra Branca”, destaca. O condomínio, construído em Palhoça, nasceu com o objetivo de tonar-se um bairro-cidade completo e sustentável.

Em razão de suas características inovadoras e das ações de sustentabilidade, o projeto foi o único da América Latina convidado a participar do Programa Clima Positivo da Fundação Clinton. “O programa visa desenvolver e aplicar estratégias de combate às mudanças climáticas nos projetos imobiliários, nas dimensões de bairros e de cidades. O objetivo dessas estratégias é obter emissões negativas de CO2 na implantação do empreendimento. Com emissões negativas temos um clima positivo no que tange às mudanças climáticas”, explica Kucker.

Soluções sustentáveis

Edifícios verdes, assim como a arquitetura bioclimática, estão entre as novas soluções criadas para tornar os empreendimentos imobiliários mais sustentáveis. De acordo com Kucker, a principal característica de um edifício chamado de ‘verde’ é o baixo impacto no que se refere ao consumo dos recursos naturais para a sua concepção.

Já a arquitetura bioclimática, uma das áreas de forte atuação da Dux, propõe que o projeto se adapte às condições climáticas e ao entorno onde o edifício será construído, utilizando os recursos disponíveis na natureza. “Todos os elementos como temperatura, ventilação e insolação devem ser considerados para serem usados de forma passiva. Infelizmente, muitas de nossas edificações são somente pensadas para serem utilizadas com base em sistemas ativos, equipamentos mecânicos ou eletrônicos”, enfatiza.

Atualmente, segundo o engenheiro, há inúmeras possibilidades de ações sustentáveis a serem aplicadas nas diversas áreas que compõem um edifício. “Todas têm como benefício o conforto do usuário e a redução do consumo de recursos naturais. Como por exemplo, o estudo térmico do edifício, que envolve o tipo de parede que melhor se adapta à determinada construção e o uso de vidros adequados; painéis fotovoltaicos para a geração de energia limpa; reuso de água para diminuir o consumo de água potável; e escolha de equipamentos eficientes para a operação do edifício”, aponta.

Kucker acrescenta como alternativa sustentável o estudo e a escolha dos materiais que compõem a própria construção do edifício, além de uma série de estratégias que podem ser aplicadas dependendo do objetivo da edificação. E cita ainda a importância de se fazer as adequações em edifícios e condomínios já existentes. “Obviamente deve ser feito um estudo criterioso para que possam ser avaliados os pontos potenciais e as dificuldades para aplicação das estratégias possíveis, que vão desde coisas simples, como a substituição de lâmpadas, até adaptações mais complexas, como a substituição de esquadrias e vidros”, pontua.

Na sua opinião, é fundamental para o bem do planeta e, consequentemente, para as pessoas que nele vivem, que sejam criadas alternativas inteligentes e sustentáveis para a construção dos edifícios. “Temos que saber que todos os recursos são finitos, e que estamos hoje com uma população mundial em torno de 8 bilhões. A melhor solução é diversificar, tanto para a preservação do meio ambiente como para o nosso próprio conforto”, diz.

Painéis fotovoltaicos. Foto: Divulgação

Consumo de água

Quando falamos em escassez de recursos naturais, uma das grandes preocupações é em relação à água. Se o desperdício não for contido, a projeção é de que em poucas décadas haja uma crise mundial de água. Segundo relatório do World Resources Institute (WRI), centro de pesquisa de Washington, habitantes de quase 400 regiões do planeta já vivem sob condições de “extremo estresse hídrico”. No Brasil, a realidade é outra, mas existem estados no país que se encontram em uma situação preocupante.

Embora seja muito complexa a mudança desse cenário, qualquer atitude para evitar o desperdício contribui de forma positiva para evitar ou, pelo menos, minimizar o problema da falta d´água. Alguns dos novos condomínios já são construídos levando em conta soluções para reduzir o consumo, como a implantação de projetos para a captação de água pluvial. Mas os edifícios mais antigos também podem se adaptar e implementar medidas para reduzir o consumo deste recurso.

Pioneira em Santa Catarina no serviço de consultoria para economizar água, a Acqua Reduz, que tem os condomínios entre seus principais clientes, percebe que atualmente tem crescido a procura por produtos que ajudam na redução do consumo. “Uma das soluções oferecidas é a cisterna com filtro, clorador e proteção antimicrobiana: um reservatório utilizado para captar e armazenar água da chuva, que pode ser usada para lavagem de piso, rega de jardim, lavagem de roupa e alimentação de vasos sanitários. Além de ajudar a economizar água, a cisterna garante o uso consciente e reduz consideravelmente a conta”, explica Gabriela Villani, Engenheira Sanitarista e Ambiental e Supervisora de Vendas na Acqua Reduz.

A economia, aliás, é um fator importante na hora de adotar medidas para diminuir o consumo de água. “Adquirindo todos os sistemas é possível chegar a uma redução mínima de 20%. Um dos nossos clientes, o Condomínio Comercial Planel Towers, da Grande Florianópolis, adotou todas as nossas soluções e conseguiu diminuir o consumo de água mensal em 25%, em comparação ao consumo dos mesmos meses do ano anterior. Essa mudança contribuiu para uma redução de R$ 2.500,00 na conta de água por mês”, comenta Gabriela.

IPTU Sustentável ou Verde

Foto: Banco de Imagens

Reduzir gastos com impostos adotando medidas sustentáveis e ecológicas também já é uma possibilidade no Estado. Cidades catarinenses como Florianópolis e Balneário Camboriú oferecem descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para edificações que implementarem ações de preservação ambiental. As soluções previstas vão de implantação de sistemas de captação de água da chuva à construção de telhado verde.

Para o engenheiro Olavo Kucker, o IPTU Sustentável ou IPTU Verde é uma excelente estratégia para incentivar as novas edificações neste caminho da sustentabilidade e a convencer os construtores, enquanto a comunidade ainda não exige essas mudanças. “Em muitos pontos já devíamos estar no estágio de ser obrigatório”, opina.

Em Florianópolis, onde o IPTU Sustentável funciona desde 2014, os contribuintes precisam ter no mínimo três atitudes sustentáveis em seus imóveis para receber um percentual de desconto relativo à pontuação adquirida. Quanto mais medidas ecológicas o imóvel adotar, maior será o desconto, que pode chegar a 5%.

IPTU Verde de Florianópolis

Pré-requisitos, de acordo com o Art. 4º do Decreto Municipal nº 12.608 de 30 de janeiro de 2014, que regulamenta o Art. 5º da Lei Complementar Municipal nº 480/2013, para aderir ao IPTU Sustentável em Florianópolis, onde o imóvel deve atender a no mínimo 3 critérios para solicitar o benefício:

  • Atendimento dos critérios de acessibilidade do passeio público;
  • Inexistência de vagas de estacionamento na área de afastamento frontal obrigatório;
  • Existência de bicicletário nos termos da lei, disposto em frente à entrada principal da edificação quando destinada ao uso comercial ou de prestação de serviço;
  • Atendimento dos critérios de acessibilidade da edificação de uso coletivo;
  • Adequação ao zoneamento;
  • Existência de sistema de sonorização em se tratando de edificação que acomode atividade produtora de ruído ou som eletrônico;
  • Existência de sistema de aproveitamento de água da chuva;
  • Existência de sistema de reuso de água;
  • Existência de sistema de medidores individuais de água potável.
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