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Unidos pelo amor e a paixão pela gestão condominial

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Casais que trabalham juntos na administração de condomínios revelam os segredos para conciliar a vida familiar e profissional com sucesso

Foto: Banco de Imagens

A ideia de misturar amor e trabalho pode assustar à primeira vista. Especialmente em tempos em que muitas pessoas estão fazendo home office. Mas a possibilidade de empreender e abrir um negócio próprio têm “seduzido” cada vez mais casais, inclusive muitos que atuam na gestão condominial. Uma pesquisa realizada no Brasil pelo International Stress Management do Brasil (ISMA-BR) garante que casais que trabalham juntos entendem melhor as angústias e a carga horária do parceiro, reduzindo assim os conflitos e aumentando a produtividade. A seguir, contamos histórias de quatro casais que atuam juntos na administração de condomínios e que comprovam que é possível conciliar a vida profissional e pessoal com sucesso.

Cleiton e Fátima

Cleiton do Carmo e Maria de Fátima Belmiro do Carmo – Proprietários da administradora Contabilizabem, de Joinville / Foto: Divulgação

O ano era 1996. Formada em Letras, Fátima viajou com um grupo de professores para Curitibanos para fazer um módulo de uma pós-graduação. Passava poucas horas do dia no hotel por causa do curso. Mesmo hotel em que trabalhava Cleiton, estudante de Ciências Contábeis. “O engraçado é que eu ia para a faculdade à noite e trabalhava durante o dia, enquanto ela ficava o dia todo fora e só voltava à noite. A gente nunca se esbarrava”, relembra Cleiton. “Poucas vezes almocei no hotel, mas nesse dia que eu fui a gente se viu pela primeira vez. Acho que o destino conspirou para ficarmos juntos”, brinca Fátima.

O namoro começou logo em seguida e foi mantido à distância até 1999, quando o casal decidiu morar junto em Joinville, mesmo ano em que nasceu a filha Erica. Fátima seguiu a carreira de professora, enquanto Cleiton trabalhava em um escritório de contabilidade, mas com planos de abrir sua própria empresa. Foi nesse emprego que teve contato e se encantou com o universo dos condomínios, além de perceber que seria um bom segmento para investir. Em 2004, saiu da empresa para montar um escritório contábil voltado à administração de condomínios. “Comecei com um cliente, fui crescendo e contratando mais funcionários. Um pouco antes da Fátima se aposentar, ela me ajudava com algumas coisas como tratativas com funcionários, atas de assembleia e eventos sociais. Na verdade, eu já tinha interesse que ela viesse trabalhar comigo há algum tempo”, revela.
Fátima, que diz que sempre foi avessa aos números, topou o desafio assim que se aposentou, em 2017. Mas sempre fiz umas colaborações na empresa, cuidava da parte social, das festinhas, dos brindes para clientes e funcionários. E quando assumi um cargo na empresa, comecei a fazer um serviço mais minucioso, que é a parte de cobranças e pagamentos e acabei gostando dessa área. Foi um grande aprendizado e tudo que sei aprendi na prática”, orgulha-se.

Para Cleiton, essa união no trabalho foi mais simples do que ele imaginava e garante que não afetou em nada o relacionamento conjugal. “Acredito que a facilidade nessa relação profissional aconteceu porque sempre tivemos as tarefas bem divididas. Enquanto eu cuido da parte contábil e da administração, ela se encarrega com as atribuições do financeiro e do social da empresa. Cada um faz o seu trabalho de forma autônoma”, diz. “Além disso, sempre conseguimos separar tranquilamente as questões profissionais das familiares”, conta o casal, que está junto há 25 anos e casado há 13. “Quando dá o horário, desligamos tudo no escritório e fechamos a porta. E aí procuramos falar de outros assuntos, fazemos outras atividades, não deixamos a rotina profissional tomar conta em tempo integral. Gostamos de ir na casa de amigos e recebê-los em casa para um churrasco, até mesmo durante a semana”, diz.

Segundo Fátima, o trabalho não impede que tenham um momento a dois depois do expediente. “Deu uma determinada hora e a gente se encontra lá atrás, na área de lazer, leva um som, fica escutando uma música, conversando, tomando uma cerveja ou um vinho”, comenta. Na opinião de Cleiton, depois que começaram a trabalhar juntos o relacionamento ficou até melhor. “Acho que fugimos um pouco do padrão, porque muita gente fala que é difícil trabalhar em família”, analisa.

O respeito e a parceria no trabalho também se aplicam na vida doméstica.
“As tarefas da casa eu normalmente faço com a ajuda da minha filha. Mas já faz algum tempo que o Cleiton assumiu o preparo das refeições. Ele começou a assistir Masterchef e se interessou muito pela cozinha, começou a pesquisar receitas e agora é o cozinheiro “oficial” do final de semana e também costuma fazer o jantar. E o melhor, depois deixa tudo limpo”, conta Fátima animada. Ah! E a Fátima não comentou, mas a responsabilidade de fazer as compras no supermercado também é minha. Foram as maneiras que encontrei de contribuir mais com os serviços da casa”,
frisa Cleiton.

Adriano e Márcia

Adriano Colin e Márcia Aparecida da Silva Colin – Proprietários da Colin Gestão Condominial, de São José / Foto: Daniel Zimmermann

Tudo começou em 1996, na época da faculdade. Márcia estava concluindo o curso de Biblioteconomia, enquanto Adriano cursava a terceira fase. “Eu devia uma matéria e acabei caindo na sala dele, foi quando a gente se conheceu. Mas só começamos a namorar no dia da formatura, quando ficamos juntos pela primeira vez. E depois de três anos nos casamos”, conta Márcia, complementando que a união já dura 21 anos.

Embora tenham se formado no mesmo curso, cada um seguiu uma profissão diferente. Márcia trabalhava em uma concessionária de carros e Adriano numa loja de móveis. “No decorrer dos anos, ele mudou algumas vezes de emprego e eu continuei na loja de carros. Compramos um imóvel na planta em um condomínio em Campinas, e foi quando surgiu a ideia do Adriano virar síndico”, relembra Márcia.

Depois de algum tempo atuando como síndico do condomínio onde moravam, Adriano buscou aperfeiçoamento, se formou síndico profissional e passou a administrar outros condomínios. “Em 2012, a Márcia começou a me ajudar dando um apoio informal nas questões administrativas. Até que em 2014 ela decidiu sair da concessionária para atuar exclusivamente na parte administrativa da nossa empresa”, explica Adriano.

A partir daí o casal estabeleceu que cada um faria uma rota, com o intuito de melhorar cada vez mais o serviço e o atendimento. “Isso otimizou o trabalho porque ganhamos tempo em relação ao trânsito, por exemplo, porque são muitas reuniões e precisamos conciliar tudo no menor tempo possível. Por isso, também optamos por limitar o número de clientes para priorizar a qualidade no atendimento. Mas mesmo dividindo os condomínios, o casal diz que ambos têm conhecimento sobre todos eles. “Essa troca de informações é essencial para o negócio fluir com mais qualidade e eficiência”, aponta Márcia.

Na opinião deles, esta parceria profissional só funciona se houver muita amizade e respeito entre o casal. “Como o escritório é home office, você lida com trabalho, filho, casa. Não é tudo um mar de rosas, mas com companheirismo e apoio um do outro, conseguimos superar os momentos de estresse”, avalia Márcia.

Márcia acredita, inclusive, que o fato de trabalhar com o marido trouxe mais qualidade para a vida do casal e do filho Pedro Henrique. “Um dos motivos que me levaram a sair da empresa que trabalhava há 25 anos foi o meu filho. Sentia necessidade de estar mais próxima dele. Essa mudança me permitiu trabalhar em horários flexíveis e contribuiu muito para o nosso bem-estar. Hoje consigo estar mais presente na vida do meu filho, possibilitar que ele faça atividades extracurriculares, o que antes era
impossível”, admite.

De acordo com eles, isso não significa que há menos trabalho. Por isso, são unânimes em dizer que é fundamental estabelecer limites para evitar que o trabalho se sobreponha à vida familiar. “O celular toca muito e temos muita demanda via whatsapp, mas criamos uma regra de visualizar as mensagens somente até 20h. Depois deste horário, o condômino já sabe que em caso de urgência precisa nos ligar. Se não tiver algumas restrições, a gente fica escravo do telefone”, pondera Adriano.

Adriana e Gustavo

Adriana Soares Ferreira e Gustavo Pacheco de Almeida – Proprietários da Administradora Atena, de Joinville / Foto: Divulgação

Juntos há quase 19 anos, Adriana e Gustavo se conheceram na juventude, através de amigos. Ele era técnico de informática e ela cursava Letras, em Goiânia (GO). Após alguns anos de namoro, o casal se mudou para Joinville. Há cerca de oito anos, Gustavo decidiu abrir uma prestadora de serviços especializada em condomínios na cidade. Adriana se formou em Administração, trabalhou um tempo na área e, há dois anos, decidiu montar o próprio negócio.

Ao acompanhar o trabalho de Gustavo, ela foi ficando cada vez mais curiosa sobre a área. “Neste contato com as administradoras ouvia feedbacks negativos e positivos. Fiquei mais atenta, comecei a observar melhor essa rotina condominial, a pesquisar sobre o segmento, fiz cursos na área. E o Gustavo foi meu grande incentivador, ele percebeu que eu tinha ideias e enxergava algumas oportunidades. Ou seja, foi ele que visualizou essas competências que me levaram a abrir a Atena. E o negócio cresceu a tal ponto que a administradora absorveu a prestadora de serviços”, conta.

Com a fusão das empresas, Gustavo ficou responsável pela gerência operacional, enquanto Adriana se dedicou à parte administrativa. “Na verdade, tentamos unir o útil ao agradável porque ela sempre me ajudou na administração da prestadora, estava muito a par das rotinas, sabia das deficiências do mercado e tinha aptidão para o ramo. Depois, percebemos que seria um diferencial unir a prestação de serviços à administração porque ninguém fazia isso em Joinville. Atualmente, atendemos sete condomínios com a administradora e mais de 200 na parte de manutenção”, diz Gustavo.

“Dividimos bem as tarefas, ele com o operacional, eu com o administrativo, mas se precisar também damos apoio um ao outro. E é assim também com as obrigações da casa e com os filhos (Rafael e Lucas). O Gustavo tem uma rotina de trabalho externo maior, então a responsabilidade de levar e buscar as crianças na escola e preparar o almoço geralmente é minha. Mas se estou mais atarefada, ele dá um suporte”, afirma Adriana.
Adriana ressalta que não misturar o profissional com o pessoal é um grande desafio. “É difícil impedir que conflitos profissionais não se tornem pessoais, você tem que ter muito controle emocional para contornar algumas situações. No início, os problemas que surgiam no trabalho tinham um impacto maior no nosso relacionamento. Mas depois de um tempo aprendemos a dividir bem as responsabilidades e criamos uma confiança mútua, o que facilitou bastante na relação profissional”, diz.
Além disso, é melhor evitar levar trabalho para casa e se possível nem falar sobre o assunto”, aconselha.

Essa, aliás, foi uma decisão que o casal tomou na época em que ainda tinha o escritório em casa. E seguiu assim mesmo quando deixaram de trabalhar home office, agora em 2020, e abriram a sede da empresa em outro local. “Quando trabalhávamos em casa estipulamos um parâmetro para o atendimento, que iríamos atender os clientes até 18h, ou seja no horário comercial, depois deste horário não trataríamos mais de assuntos de trabalho por telefone. Para isso, criamos um aplicativo que é um canal de interação com o cliente, onde ele pode deixar tudo registrado, e um plantão de atendimento emergencial”.

Neusa e Samir

Neusa Maria Tribeck Ferreira e Samir José Ferreira – Proprietários da Liderança Administradora de Condomínios, de Florianópolis / Foto: Daniel Zimmermann

Há 43 anos, durante a inauguração da Ponte Colombo Salles, começava a história de Neusa e Samir. O casal se conheceu, começou a namorar e a compartilhar planos. Ambos funcionários públicos, ele trabalhando na área da Saúde e ela na área de Administração, seguiram por muitos anos nesta carreira. Foi somente após 30 anos de trabalho, quando chegou à aposentadoria, que Neusa decidiu concretizar o sonho de abrir sua própria empresa. Samir esteve o tempo todo ao seu lado assessorando no que ela precisasse.

“Depois da aposentadoria, todo trabalho que viemos a fazer foi por prazer. Conseguimos nos consolidar financeiramente enquanto éramos funcionários públicos. Então, quando encerrei essa fase profissional, decidi que iria fazer algo que me deixasse feliz e, principalmente, que trouxesse felicidade para outras pessoas, aproveitando a experiência que somei ao longo da vida. Como sempre gostei de pessoas, de ensinar e aprender e tenho uma vocação para a liderança, achei que os condomínios eram o campo ideal para me satisfazer. Depois que se aposentou, após uns cinco anos, o Samir se juntou à administradora em um cargo na gestão de logística”, se recorda.

Neusa conta que o casal sempre compartilhou assuntos relacionados ao trabalho, um orientando o outro. “Sempre tivemos uma sintonia boa, mas também soubemos dividir os momentos privados dos profissionais. E a prova de que essa parceria deu certo é que ela se prolonga por mais de 40 anos, com a mesma harmonia. Para Neusa, o segredo está no respeito e na compreensão. “Conhecer as diferenças do outro e respeitá-las é a peça fundamental para manter uma relação de trabalho e um casamento felizes.”, acredita.

Mesmo em uma atividade que exige dedicação praticamente 24 horas por dia, segundo Neusa, ela garante que o casal consegue aproveitar momentos a dois e com as filhas Andressa e Andreia e os três netos. “Para nos desligar do trabalho, costumamos viajar uma ou duas vezes por ano com a família e ficamos 20 a 30 dias fora.

Outra paixão que eles compartilham é a convivência com os netos de 4, 9 e 15 anos. “Eles adoram ficar na nossa casa. As minhas filhas até a evitam um pouco porque acham que vô e vó não respeitam as regras impostas pelos pais. E realmente a relação com os netos é muito diferente, porque com os filhos nos preocupamos com a formação, a educação e o progresso, enquanto com os netos a gente só aproveita. Eu até ganhei o apelido de vovó cibernética porque iniciei todos eles na informática”,
se diverte.

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