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Chama o síndico, mirim!

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Uma proposta lúdica e inovadora em Blumenau estimula os moradores infanto-juvenis a participarem ativamente do dia-a-dia do condomínio. Os “pequenos” atuam na preservação e no respeito as regras de convivência coletiva.

Foto: Daniel Zimmermann

“Nossa proposta é que cada apartamento contribua com pelo menos uma cesta básica. Queremos ajudar e trazer um pouco mais de conforto para algumas famílias carentes de nossa cidade”.

Alexandre Adaime / Foto: Daniel Zimmermann

Esta até poderia ser uma história e uma campanha comum de um mandato de síndico, mas é um projeto que muda totalmente a percepção dos papeis dentro do condomínio. Aquela velha máxima de ser ou não ser síndico? Eis a questão tem um novo e feliz capítulo no Condomínio Marechal Tower Residence. O cenário é um edifício com 22 pavimentos e 70 apartamentos no bairro da Velha, em Blumenau. A convivência dos quase 200 moradores, 50 crianças e adolescentes e 30 animais domésticos foge do enredo simples dos conflitos, das regras para organizar a rotina nas áreas comuns e todos aqueles fatos que transformam a vida em condomínio cada dia, numa nova experiência.

No Marechal os vizinhos descobriram que a união é uma maneira fácil para uma agradável convivência que começa desde pequeno. O recém-eleito síndico, Alexandre Adaime, percebeu um número expressivo de crianças e adolescentes no condomínio. Durante a preparação para um dia das crianças especial surgiu uma grande ideia. A inspiração no vereador mirim trouxe os elementos para idealizar um formato de gestão para o projeto: o Síndico Mirim do Marechal. Um aliado na organização do condomínio.

“Integrar os moradores e identificar ideias, com seus coleguinhas e familiares, para a melhoria das áreas do Condomínio, além de atender algumas demandas delegadas pelo síndico convencional. O mirim conta com a assessoria de um conselho de adultos, também identificado voluntariamente na assembleia mirim”.

Alexandre Adaime
Samara Gabriela Malaquias Holler / Foto: Daniel Zimmermann

Uma proposta importante para mudar os conceitos e trazer uma nova versão para a tarefa de síndico. “Dando o destaque as crianças do condomínio e as colocando como responsáveis na figura de um Síndico Mirim, acaba trazendo a elas mais responsabilidades sobre seus atos, bem como elas mesmas passarão a cuidar das atitudes dos colegas. Além de ser uma forma de interagirem e se conhecerem melhor, e sabemos que as crianças sendo amigas acabam trazendo laços entre as famílias, que se tornam mais colaborativas e tolerantes umas com as outras, diminuindo muitos atritos entre condôminos”, reforça Samara Gabriela Malaquias Holler, diretora na JS Administradora de Condomínios.

Não demorou para o projeto sair do papel e fazer a cabeça dos pequenos borbulharem de ideias para os mandatos. “Arrecadação de cestas”, “Vou avaliar os brinquedos”, “Vamos juntar dinheiro para novos jogos”. É! A galerinha está cheia de propostas. A Laís Heidorn tem 6 anos e ideias de gente grande. “Vou reformar a brinquedoteca e fazer uma campanha para doar comida para as pessoas”, conta a pequena síndica. O mandato tem duração de 3 meses, um rodízio entre 5 eleitos neste começo de projeto e o síndico de cada período é eleito pelo voto infanto-juvenil. Um rodízio para criar oportunidade e colocar em práticas várias ações. O candidato com idade entre 6 e 15 anos tem que residir no condomínio e estar presente na assembleia mirim acompanhado do responsável. Afinal, não é brincadeira assumir um mandato de síndico mirim. Embora a atividade do síndico mirim é somente lúdica e não envolve questões financeiras, hierarquia, remuneração ou qualquer atribuição burocrática, este é o primeiro passo para incentivar as novas gerações de futuros conselheiros e síndicos. Com esta gestão compartilhada as crianças e adolescentes percebem as necessidades e as responsabilidades com o condomínio e aprendem que a convivência é resultado de opiniões, ações e escolhas dos próprios moradores.

Foto: Daniel Zimmermann

É um desafio e tanto, não é mesmo Melissa? A pequena está ansiosa para dar apoio na gestão condominial e iniciar as atividades e funções mais simples nesta fase, mas que permitem assimilar e aprender sobre a rotina e as responsabilidades no condomínio. A Melissa Chociay Roston Gatti e os dois irmãos vão dividir o mandato de síndico.  “Na sindicatura mirim, a proposta é trabalhar, em suas atividades, os valores como: respeito, educação, solidariedade, amizade e cidadania. Muitos desses valores já vêm de casa e, outros, esses mirins levarão para lá e conquistarão seus pais”, explica Alexandre. A partir desta experiência, a Melissa e todos os próximos síndicos mirins do Marechal estarão integrados com a rotina do condomínio e serão o elo para entendimento das necessidades de crianças e adolescentes nos espaços comuns e na ‘vida’ do prédio. “Como adultos e sendo síndico profissional, não temos como saber as demandas das crianças sem as ouvi-las, com o síndico mirim, teremos não só a oportunidade de ouvir delas as reais demandas que elas querem para o condomínio, mas como elas mesmas entenderem que nem tudo é possível, que será necessário priorizarem e filtrarem suas necessidades”, destaca Samara. Um jeito bastante criativo de desenvolver futuros gestores condominiais. 

Foto: Daniel Zimmermann

O mandato do síndico mirim tem dois compromissos de gestão que incluem desenvolvimento da atividade-tema, definido pelo Alexandre. Desta vez será a organização da Brinquedoteca. Uma atividade com público infantil e adolescente e também entre todos os condôminos como uma ação social, palestra educativa ou celebração interna também são os desafios desta gestão. O Lucas Chociay Roston Gatti não vê a hora de começar a gestão e planeja ir na brinquedoteca para avaliar a estrutura. “Eu também quero que a gente arrecade um pouco de dinheiro para comprar uma quadra de pingue-pongue”.  O pequeno já sabe que terá que conhecer a cartilha com informações sobre o condomínio e ler os dois cadernos complementares que orientam e dão o passo-a-passo para a gestão. “A ideia não é fazer com que uma criança tenha mais responsabilidade que a outra, pelo contrário, é unir forças em nome dos pequenos condôminos e reivindicar junto as assembleias oficiais dos adultos as ações para as áreas que eles mais utilizam, baseado nas assembleias dos síndicos mirins”, ressalta Samara. A brinquedoteca também está no radar da Luísa Silva de Novais. “Eu quero deixar a brinquedoteca bem legal para mim e para os meus amigos”, revela a síndica mirim. No entanto, o síndico mirim terá um plano de ação para seguir, mas ao invés de repassar as demandas de manutenção e compras aos prestadores de serviço, enviará o pedido ao gestor profissional do condomínio.

O processo de gestão do condomínio deve conciliar a rotina escolar e as atividades extracurriculares. O Felipe Chociay Roston Gatti tem uma estratégia para executar as atribuições do condomínio com cuidado, responsabilidade e dentro de um processo que concilie a escola e para isso contará com as cartilhas com plano de ação. “Eu vou avaliar os consertos que precisam ser feitos na brinquedoteca e vou recomendar ao síndico que compre uma quadra de pingue-pongue, que é um brinquedo apropriado para a minha idade”.   Essa execução está atrelada à disponibilidade dos eleitos que terão conversas pelo WhatsApp e, quando necessário, participam de reunião. Nos feriados, finais de semana e dias livres das responsabilidades escolares, existe um cronograma de ações que serão divulgadas com antecedência para a adesão de todos os síndicos mirins eleitos.

Foto: Daniel Zimmermann

No condomínio Marechal, o Alexandre conta com uma equipe mirim que faz toda diferença no relacionamento com os vizinhos e contribuir para a solução de fatos cotidianos. “Eu como síndica mirim quero fazer um espacinho para os cachorros brincarem”. Esta é a proposta da Melissa: um espaço para os pets.  “Conseguimos unir com este projeto a vontade de um síndico, da administradora em aceitar tão bem a ideia e ajudar no desenvolvimento e aplicação do projeto e dos pais em estimularem a participação dos filhos e “comprarem” esta proposta”, destaca Samara. Uma experiência única e que desperta o senso de responsabilidade construindo futuros cidadãos com um olhar para o condomínio que também traduz a essência do viver e morar num ambiente seguro e harmônico. Pode chamar o síndico que a equipe mirim estará a postos para conciliar as necessidades e interesses de todos em relação às questões do condomínio e contribuir para a tranquilidade na convivência.

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