Harmonia entre humano e natureza
A expressiva quantidade de resíduos orgânicos gerados pela população e o seu descarte incorreto é uma das grandes preocupações atuais. Diante deste problema, a técnica de compostagem, em qualquer escala – desde a doméstica até a industrial –, mostra-se uma alternativa ambiental eficaz. O método, além de causar redução dos materiais orgânicos, proporciona maior qualidade dos alimentos naturais e contribui para a economia financeira.
Atenta a esta solução, a síndica Débora Schondermark iniciou a implantação de uma composteira dentro do Condomínio Horizontal Aldeias do Campeche 2, em Florianópolis, aproveitando uma parte da sua área verde. Assim, as 23 casas passaram a destinar os resíduos orgânicos de forma exemplar, contando com o suporte de profissionais de engenharia para o manejo adequado na composteira.
A ideia surgiu após Débora constatar que o condomínio tinha gastos excessivos com o armazenamento de lixo, tanto que algumas vezes foi necessário adquirir novos contentores para dar conta da grande quantidade de material orgânico e reciclável. Situação que acabava impactando na taxa condominial e desagradando os moradores.
“Ao analisar os valores gastos com contentores extras, serralheria para reforçar os contentores, sacos de lixo, insumos como adubos e fortificantes para as plantas e contratação de caçamba de entulho para descarte de restos de podas e gramas provenientes da jardinagem, percebi que seria viável para o condomínio tornar-se futuramente autossustentável neste ciclo orgânico. Especialmente, porque tínhamos uma grande área verde disponível para adequação de uma leira”, conta.
Antes de iniciar o projeto, pesquisas foram realizadas com diversas empresas que trabalham com gestão de resíduos. “Todos os dados foram entregues aos condôminos para decisão final e, dentre eles, estavam a separação e destinação correta dos resíduos; a gestão consciente do lixo; e a adequação à Lei Municipal da compostagem, ao programa Florianópolis Lixo Zero 2030 e ao IPTU Verde, proposto para imóveis que oferecerem soluções ecologicamente corretas e sustentáveis. Desta forma, o condomínio torna-se exemplo ecológico e intensifica a educação ambiental com cada morador”, aponta Débora.
Iniciativa focada na preservação do meio ambiente e no bem-estar coletivo
Débora reforça que o impacto ambiental da compostagem foi fundamental para a sua aplicação, uma vez que o processo contribui para a diminuição do aquecimento global. “Este material transformado em adubo deixa de ir para os aterros sanitários e, assim, evita a geração de gás metano, um dos principais causadores do efeito estufa. A compostagem também diminui drasticamente a utilização de contentores, que antes eram utilizados de 4 a 5 e foram reduzidos para 1 a 2 gerando uma economia em vários itens, como sacos plásticos, horas de trabalho da zeladoria para separar o lixo. O aproveitamento desta prática continua após a formação da leira, com o insumo final (composto fértil) que serve para adubar toda a área verde do condomínio. Outra vantagem é que permite a integração às leiras de rejeitos como podas, folhas, restos de gramas resultantes da jardinagem”, esclarece.
Para a síndica é preocupante notar que nem todo mundo se choca com a quantidade imensa de lixo gerado diariamente por cada pessoa. A estimativa, reforça a síndica, é de que cada indivíduo produza em média 800g a 1 kg de lixo por dia ou de 4 a 6 litros. “Imagine se cada casa, cada síndico pudesse ao menos diminuir um pouco esse número? No nosso caso, tivemos a sorte de ter uma área verde. Porém, há outras alternativas que podem ser aderidas, como ter um minhocário em casa ou solicitar que empresas de compostagem façam a coleta dos rejeitos”, sugere.
Amante das alternativas em prol da natureza e da sociedade como um todo, Débora conta que a intenção era implementar uma iniciativa que resultasse no bem-estar coletivo. “Unindo esforços e muito estudo conseguimos adotar algumas medidas importantes. Entendo que uma das premissas de ser uma síndica é assumir responsabilidades de começar um trabalho com ética e inspirar outros a fazerem o mesmo. Então, juntos, podemos mudar a nossa casa. Isso me inspira o tempo todo em meu trabalho, porque ninguém faz nada sozinho”, ressalta.
Mensagem aos síndicos e administradores:
“Fazer a diferença dentro de um condomínio, qualquer que seja o seu tamanho, já é um feito grandioso. Imagina poder disseminar esta ideia para cada amigo, vizinho, familiar e agregados. Essa ideologia eu pratico em casa, nas casas dos meus amigos e familiares. Se cada um fizer a sua parte, o resultado será incalculável. Parafraseando Napoleon Hill : “o homem que faz mais do que é pago, em breve será pago por mais do que faz”. Não seja um profissional e um ser humano mediano, não espere soluções caírem do céu. Queira ser a diferença, faça a diferença”. Débora Schondermark