Jorge Miguel Gomes Ferreira
Nome do case: Tornar em receita os resíduos do próprio condomínio
Consciência e renda que vêm da eficiência na administração do lixo condominial
Olhar para os resíduos recicláveis como fonte de recursos e sensibilizar e incentivar os moradores a separarem o lixo produzido nos 52 apartamentos do Porto Mare Residence, em Itajaí (SC), foram os pontos de partida para o síndico Jorge Miguel Gomes Ferreira definir uma nova forma de gestão dessa atividade. Com cerca de 150 residentes, o empreendimento enfrentava problemas com as lixeiras externas, que eram facilmente acessadas por catadores que, ao selecionarem os itens que queriam, deixavam o restante do material pelo chão. Além da bagunça e sujeira que desvalorizava o prédio, da limpeza constante da área que fica na frente do complexo e das reclamações dos condôminos, foram registrados furtos e estragos nos contêineres.
Havia também dificuldades no espaço interno para o lixo e queixas dos funcionários da coleta pública dos resíduos orgânicos, devido ao tempo que levavam para esvaziar as diversas e pequenas lixeiras que o condomínio possuía. A solução encontrada por Ferreira, que assumiu como síndico pela primeira vez em outubro de 2020, foi a de revisar a administração dos elementos descartados desde a geração nas unidades até a destinação final. Durante esse processo, foram identificadas melhorias a serem realizadas na infraestrutura do edifício e a necessidade de engajar os moradores na iniciativa. Nesse sentido, uma das ações promovidas foi a de informar os residentes, através do grupo de WhatsApp e do mural do elevador, como seria a seleção dos materiais e como eles virariam receita para o prédio.
Para otimizar o serviço, foram criados procedimentos e rotinas para a gestão dos resíduos e compradas seis lixeiras de 240 litros para o ambiente interno, identificadas por cores e placas sobre o que pode ser colocado em cada uma delas. Já para o lado de fora, o condomínio adquiriu seis contêineres de 1 mil litros, que podem ser facilmente transportados para a rua e manuseados pelos lixeiros. “Agora, os equipamentos estão sempre fechados, limpos e organizados e a administração mais eficiente”, reforça Ferreira. O Porto Mare encomendou ainda 12 sacos de ráfia para armazenar o conteúdo para a reciclagem, um guincho elétrico para manuseá-los e uma balança para a pesagem antes da venda para a empresa escolhida como parceira. Uma cerca elétrica também foi instalada na área externa. “Com isso, não tivemos mais furtos e aumentamos a segurança no local”, ressalta. Ele acrescenta que foi elaborado um formulário específico para registrar todos os itens comercializados, com seus devidos pesos e valores.
Recursos obtidos serão destinados aos colaboradores
Implementado em abril desse ano, o projeto já traz resultados significativos, como o maior envolvimento dos condôminos – que passaram a selecionar mais e melhor os seus resíduos e a sugerir melhorias no sistema, como o uso do material orgânico em uma composteira – e a reciclagem mensal de cerca de 800 quilos de lixo, que geram uma renda de R$ 400,00, em média. Com a recuperação do investimento efetuado, os valores arrecadados serão voltados para os funcionários do edifício (zelador e responsável pela limpeza), reconhecendo o seu trabalho no manejo dos elementos descartados e os motivando.
Nascido em Portugal e morando desde 2012 no Brasil, Ferreira utilizou sua experiência na gestão de resíduos da companhia que administra em Itajaí para a iniciativa no Porto Mare. Segundo o síndico, todo prédio produz um volume considerável de lixo que pode ser convertido em recursos para serem empregados na qualificação dos empreendimentos. Ele espera que o seu case incentive outras pessoas a reverem essa atividade em seus complexos. Ferreira adianta também que aprendeu muito sobre reciclagem e cuidados com a questão da insalubridade e que já está pensando em ações para inscrever na próxima edição do prêmio. Uma delas é sobre ter a ISO 9001 na gestão do edifício e outra é sobre medidas para reduzir o consumo de água das áreas comuns. “O mercado condominial tem muito a crescer e melhorar. Esse foi um segmento que me fascinou e, inclusive, tenho a intenção de investir na carreira de síndico profissional”, planeja.
Mensagem aos síndicos e administradoras:
“Buscar sempre fazer uma boa gestão e aprimorar os conhecimentos nessa área. Problemas sempre surgem e eles podem trazer novas ideias. Por isso, se arrisque e não tenha medo de errar, voltar atrás e corrigir o caminho.” Jorge Miguel Gomes Ferreira